("Emprestado" lá do blog Gente Chimarrona...)
O Papagaio que Pedia Liberdade
Certo dia, o ancião convidou um amigo seu à sua casa, para desfrutar de um saboroso
chá do Sri Lanka.
Os dois homens
se puseram no salão, sentados bem perto de uma janela, ao lado da qual
se encontrava o papagaio em sua gaiola. Logo, quando
estavam os dois homens bem acomodados, a tomar o chá, o papagaio começou a berrar, insistentemente:
-- Liberdade,
liberdade, liberdade!
Não parava de pedir pela liberdade... Durante todo o tempo em que o convidado esteve na casa, o animal não deixou de reclamar por liberdade de uma
maneira angustiante. Tão angustiante era o seu pedido que o convidado
sentiu-se apiedado, e nem mesmo pode
terminar de saborear comodamente a sua xícara de chá, decidindo por
encerrar a sua visita. Estava ele já
saindo porta afora, porém continuava ouvindo os
veementes gritos do papagaio:
-- Liberdade,
liberdade, liberdade!
Dois dias se passaram. Aquele que fora o convidado não podia
deixar de sentir compaixão pelo papagaio.
Mas era tanto o quanto o perturbava
o estado daquele pobre animal, que
decidiu então que seria necessário
pô-lo em liberdade. E ele tramou um
plano. Sabia quando o ancião deixava sua casa para ir às compras -- ele ia
então se aproveitar dessa ausência e
libertar o pobre papagaio
de sua triste gaiola.
E assim o fez. Um dia depois, na hora adequada, o tal convidado pôs-se por perto da casa do ancião, e, quando o viu sair,
correu até sua casa, abriu a porta com
uma gazua e entrou no salão -- onde o papagaio continuava
berrando:
-- Liberdade,
liberdade, liberdade!
Isso partia o coração daquele que fora o convidado. Quem não sentiria pena do animalzinho? De pronto, ele se aproximou da gaiola
e abriu a sua portinhola. Então o
papagaio, apavorado, pulou para o outro lado da gaiola e, agarrando as barras com seu bico e unhas,
bem se recusou a dela sair.
O convidado foi se afastando, confuso e apiedado. Apesar de ter a
portinhola aberta, o papagaio permanecia no fundo da gaiola, já se aquietando;
de quando em vez, porém, continuava resmungando:
--
Liberdade, liberdade, liberdade...
Assim como esse papagaio, são muitos os seres humanos que dizem querer a
liberdade -- os quais, todavia, acostumaram-se de tal maneira à sua gaiola que,
na realidade, têm medo de abandoná-la...
Conto de origem desconhecida
(Em uma versão das Edições Natura naturans)